
II. – O Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, sendo vero e eterno Deus, de uma só substância com o Pai e igual a ele, chegada a plenitude do tempo, assumiu a natureza humana, com todas as propriedades essenciais e fraquezas comuns a ela, contudo sem pecado; sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, no ventre da Virgem Maria, e da substância dela: de modo que duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas, a Deidade e a humanidade, foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; Pessoa esta verdadeiro Deus e verdadeiro homem, contudo um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.
III. – O Senhor Jesus, em sua natureza humana assim unida à divina na Pessoa do Filho, foi santificado e ungido com o Espírito Santo sem medida, possuindo em si mesmo todos os tesouros de sabedoria e conhecimento, e em quem aprouve ao Pai habitasse toda a plenitude; a fim de que, sendo santo, inculpável, imaculado e cheio de graça e verdade, fosse perfeitamente habilitado para exercer o ofício de Mediador e Fiador. Esse ofício ele não tomou para si, mas para ele foi chamado por seu Pai, o qual pôs em suas mãos todo o poder e juízo e lhe deu ordem para que os exercesse.
IV. – Esse ofício o Senhor Jesus exerceu mui voluntariamente; e, para que pudesse dele desincumbir-se, ele se fez sujeito à lei, e a cumpriu perfeitamente e suportou o castigo devido a nós, aquilo que nós deveríamos ter suportado e sofrido, sendo feito ele pecado e maldição em nosso lugar; ele suportou diretamente em sua alma os mais severos tormentos da parte de Deus, e em seu corpo os mais dolorosos sofrimentos; foi crucificado e morto; foi sepultado e permaneceu sob o poder da morte, contudo não viu corrupção. Ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, com o mesmo corpo no qual sofreu; com o qual também subiu para o céu e assentou-se à destra de seu Pai para fazer intercessão; e voltará no fim do mundo para julgar homens e anjos.
V. – O Senhor Jesus, por sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício este que, pelo Espírito eterno, ele ofereceu uma vez a Deus, tem satisfeito plenamente a justiça de Deus, e adquiriu não só reconciliação, mas também uma herança eterna no reino do céu para todos aqueles que o Pai tem dado a ele.
VI. – Ainda que a obra da redenção não fosse de fato operada por Cristo até após sua encarnação, contudo a virtude, a eficácia e os benefícios dela foram comunicados aos eleitos em todas as épocas, sucessivamente, desde o princípio do mundo, em e através daquelas promessas, tipos e sacrifícios, por meio dos quais ele foi revelado e tipificado como a Semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, e como o Cordeiro morto desde a fundação do mundo, sendo ele o mesmo ontem e hoje e para sempre.
VII. – Cristo, na obra de mediação, age em consonância com as duas naturezas, fazendo através de cada natureza o que lhe é próprio; contudo, por razão da unidade da Pessoa, aquilo que é próprio de uma natureza é, às vezes, nas Escrituras, atribuído à Pessoa denominada pela outra natureza.
VIII. – A todos aqueles para quem Cristo comprou a redenção, ele, infalível e eficazmente, aplica e comunica a mesma; fazendo intercessão por eles; e revelando-lhes, na Palavra e pela Palavra, os mistérios da salvação; persuadindo-os eficazmente, por meio de seu Espírito, a crer e obedecer; e governando seus corações por meio de sua Palavra e seu Espírito; subjugando a todos os seus inimigos pelo exercício de seu infinito poder e sabedoria, da maneira e pelos meios mais consoantes com sua maravilhosa e insondável dispensação.
Obs: A DECLARAÇÃO SAVOY FOI A PRIMEIRA CONFISSÃO CONGREGACIONAL DE FÉ
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